As luzes já
vão se apagando até noturnos olhos vão se fechando
Só não os meus,
nestes arrastados minutos que separam-me de ti
Estas
madrugadas têm soprado ares de insônia em minha cabeça
Pelo véu
noturno passeio os olhos ao céu, porém não há estrelas
Apesar disso,
na minha solidão, cada vez que respiro penso em ti
E assim,
absorvo as gotículas de vida que flutuam no ar da noite
Sei que não estas e finjo que sim, estendo o braço para deitares
Tento sentir tua respiração forte e o calor do teu peito no meu
Aspirar teu perfume de alfazemas, tocar teus cabelos de trigais
No meu pensamento quero sentir a alegria da tua boca na minha
Do pulsar
forte de meu coração na vibração que
vem do teu ser
O eterno desejo
que meus pássaros selvagens habitem
teu corpo
Relembro tua
chegada e pela janela teu rosto de linhas delicadas
Pois nada é
distante, é intemporal como na primeira vez que te vi
Paradoxal ao
sonho, na verdade, tua ausência é demais pungente
Indiferente ao
drama, a cidade continua no silêncio que a invade
A noite me
afoga na tua existência transbordando pelas esquinas
Sei que és
minha, sabes que sou teu e temos toda vida que restar
Porque breve chegarás e eu te tomarei nos braços como no sonho
Tudo que somos
e o que temos é o que nós empenhamos no amor que vamos ofertar
Deus é Deus,
mas existe também a verdade do cavalo que, branco, na campina pasta.
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