segunda-feira, fevereiro 3

Olvido

Como pudeste esquecer de mim
Trouxeste de volta a velha dor e angústia
Fez-me soluçante pela longa espera
Nas palavras foragidas de meu corpo
Fez minha voz embargada no vácuo
Sob os primeiros raios da manhã
As sombras fazem eco no espaço
E o tempo usurpa o meu sorriso
Meu menino interior envelhece
Com seus olhos alagados em saudade
Que antes voavam pelos campos
O que eram lendas agora é exílio
O abismo da noite engole meus sonhos
Não ouço mais, embalados ao vento
Rumores de teus passos noite afora
Restam apenas limbos e soluços
Apagam-se sonâmbulos os últimos gestos
E a música deixa de ter cor
O abismo da noite engole os sonhos
No rigor da solidão desta hora
Não há alento neste meu delírio
É noite e nem posso ver a noite
Não verás, também, meu rosto hoje
Molhado das lágrimas de teu esquecimento
Abrasado pela febre de te saber longe
Enquanto tento recolher os pedaços
De qualquer ângulo que se veja a vida
Permaneço com minhas asas recolhidas
Sou prisioneiro da tua vontade

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