quinta-feira, dezembro 11

O Poço


O vento soprou os dias, as folhas da ilusão, as flores da paixão
Com elas, a alegria da juventude, a esperança e tantos desejos
Tantos sonhos bordados de carinho, quantos sorrisos também
Fruto de incompreensões onde deter a razão precede ser feliz
Onde terá ido a verdade que se mostrava tão singela nos olhos
Terá ido com as marés, trocada pelos meandros de tecnologias
O vento trouxe alterações na personalidade, trouxe o desamor
Vieram meias palavras e inverdades, vimos repetir apenas o não
A dor que não vejo em seus olhos ecoa bruta em meus ouvidos
Não entendes o que digo ou não o queres, pois é compromisso
A luz se dissipa entre as grades desta prisão que cala e cerceia
Onde é a alma que se queda prisioneira, no silêncio devastador
A solidão é uma fera a rugir na noite que chega e seus temores
Quando ficares à beira do poço sentirás falta desta dedicação
Recordarás minha pele em tua pele a te acariciar infinitamente
A distância entre elas te doerá, no entanto não te autoflageles
Pois foi tua imperícia em deixar-se ser amada que assim decidiu
Somos mesmo um quebra-cabeças de sombras e peças nebulosas
Tantas vezes definimos conduzir nosso trem firme numa estrada
Que esquecemos que a viagem só importa quando há passageiro
O qual continuou solitário, entre lagrimas, na penúltima estação
O mais evidente é que, mesmo assim, te amo e peço que ignores
Toda a dor que cabe nestes versos à sombra destes hemisférios
Pousa tuas mãos mim, mas saiba que também não sei o percurso
Apenas sei, enfim, que nosso caminho segue pela mesma estrada

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