O vento soprou os
dias, as folhas da ilusão, as flores da paixão
Com elas, a alegria
da juventude, a esperança e tantos desejos
Tantos sonhos
bordados de carinho, quantos sorrisos também
Fruto de
incompreensões onde deter a razão precede ser feliz
Onde terá ido a
verdade que se mostrava tão singela nos olhos
Terá ido com as
marés, trocada pelos meandros de tecnologias
O vento trouxe
alterações na personalidade, trouxe o
desamor
Vieram meias
palavras e inverdades, vimos repetir apenas o não
A dor que não vejo
em seus olhos ecoa bruta em meus ouvidos
Não entendes o que digo ou não o queres, pois é compromisso
A luz se dissipa
entre as grades desta prisão que cala e cerceia
Onde é a alma que
se queda prisioneira, no silêncio devastador
A solidão é uma
fera a rugir na noite que chega e seus temores
Quando ficares à
beira do poço sentirás falta desta dedicação
Recordarás minha
pele em tua pele a te acariciar infinitamente
A distância entre
elas te doerá, no entanto não te autoflageles
Pois foi tua imperícia em deixar-se ser amada que
assim decidiu
Somos
mesmo um quebra-cabeças de sombras e peças nebulosas
Tantas
vezes definimos conduzir nosso trem firme numa estrada
Que
esquecemos que a viagem só importa quando há passageiro
O
qual continuou solitário, entre lagrimas, na penúltima estação
O mais evidente é
que, mesmo assim, te amo e peço que ignores
Toda a dor que cabe
nestes versos à sombra destes hemisférios
Pousa tuas mãos
mim, mas saiba que também não sei o percurso
Apenas sei, enfim, que nosso caminho segue pela mesma
estrada
Escrito em 14/12/2019
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