Estes dias tenho revisitado as
velhas vielas vincadas de mistérios
Entre vestígios de outro tempo, uma vertigem quase
nauseante
Com a face pálida, desbotada, quando o vento frio a
descolore
A expressão nua
de desejos ou segredos para cortejar o tempo
Que outrora me entreguei. Busca sem razão, razão
sem sentido
Nas noites sujas, mulheres torpes, o tempo vai e
não volta atrás
Essas horas tão exatas que a ninguém perdoam em seu
cavalgar
O que mais
perdi ao não vê-las passar é o que vi e não pude
tocar
Por rumos insensíveis, torturantes canções que mal
pude ouvir
Foi pouco mais que um sussurro e num segundo, soube
de tudo
O céu noturno se cobriu de êxtase, vazio como sexo
sem paixão
Apenas uma fome
de viver, nem viver, só fugir da garra da morte
Mas foi como renascer com as descobertas dessa
natureza crua
Meus mitos, mortos e insepultos, uma procissão de tristes
velas
Um cortejo trágico e ainda assim inconformado com
as palavras
Frases famintas de expressão e
as flores nas janelas da velha casa
Não vim para te contar daquilo
que se sente quando a ânsia vem
Se o que se sabe é que a
jornada só terá fim no último por de sol
Vim pra te dizer o que descobri,
nos místicos sonhos de cada dia
Se não se pode mudar o todo, é porque
nem se deve mudar nada
A rosa vermelha quando seca, murcha e fica negra,
ainda é a rosa
E todo desconforto que sentimos, vem da ira, do
desejo sem alma
Porque toda nudez só se faz obscena, quando o amor
não está lá
E as coisas belas
são o que são sob qualquer céu, basta acreditar
Sempre pranteamos nossas
tragédias, mas ruas vazias vão a lugar algum
As mágoas devem ser qual
palavras na areia, deixadas ao mar vir buscar
Nenhum comentário:
Postar um comentário