Sou a nau que singra
os mares em busca
do cais, um abrigo
Mas não há terra à vista, apenas o
solitário azul desse céu
As gaivotas na algazarra em bando passam
céleres por mim
Seguem o caminho que só elas conhecem
rumo a um porto
Carrego nos porões tristezas ocultas,
que as aves não vêm
E no horizonte as nuvens rugem anunciando
a tempestade
Logo chegará a chuva, profusa, sinal que o outono já vem
Agigantam-se as ondas contra o casco
neste mundo tirano
De forma inexorável, sopram os ventos insidiosos do existir
Nos paradoxos da vida cotidiana,
contínua e contraditória
Já nem sei onde mais nos encaixamos nessa
surreal história
Num agora que não é sonho, mas também
não é verdadeiro
Será parte de um momento fictício ou
está sob minha pele
Na minha carne de realidade indelével
como uma tatuagem
Agora nesta busca interminável, nada parece
fazer sentido
Só viver em luta
com um passado que jamais será esquecido
Como um retrato na memória que se
partiu em mil pedaços
Ou a música triste a tocar, que inda ecoa
nos meus ouvidos
Foi assim que partimos em silêncio na
busca de nós mesmos
Medos, amores, receios e beijos... foi
muita coisa entre nós
Hoje a distância é tanta, que nem o oceano foi capaz de ser
Hoje a distância é tanta, que nem o oceano foi capaz de ser
A noite acaba, a
história termina. Essa chuva já virou rotina
O homem de terno cinza olha o céu e
abre o guarda-chuvas
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