quarta-feira, março 11

Fênix


Há noites que as visões obscuras do sonho invadem a mente
Caminhando ruidosamente entre os cascalhos das alamedas
Que nós inventamos entre sutis jardins de nossa imaginação
Parece que sempre estiveram ali, com suas garras à espreita
E num único gesto oferecer seu sopro místico em escarlate
Assim, revelar segredos sobre como a vida se deve conduzir

Dizer que não se deve pensar em medo ou cautelas infinitas
Nem fazer alguma reprimenda ou juízo, a perguntar porquê
Como se poderia explicar cada gesto sobre a folha de papel
Não haveria dessa tinta rubra que descreva cada expressão
Foi tanto tempo a marcar a face com espantos, dor e vigília
Mas foi também resiliência e coragem para erguer a cabeça

Na tangente do infinito portamos altivamente esses fardos
Que o destino nos atribuiu para a nossa passagem telúrica
Vezes nos deparamos com a mesquinhez e a falta de razão
Outras delas, com carinhos muito além da superficialidade
Na mão que acaricia a pele ferida e insultada, amparando-a
É preciso dar fim nas histórias insepultas e em seus abismos

Porque o amor bate à porta e não restará espaço para dor
Não há lugar para o arcaico e o ignoto, o pássaro renasceu
Fênix a desafiar a tormenta, extremar os limites prescritos
Ser tão grande quanto a sombra que o sol nascente projeta
Assim já virão novos dias, é preciso vestir a cauda do pavão
Erguer-se da multidão sem medo de errar e tentar de novo

A luz do dia brilha para todos, mas só quem se atira à lida
De peito aberto, colherá os frutos antes do dia anoitecer

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