segunda-feira, março 2

Mudanças



Ergo minha voz no silêncio como o som estridente dos tambores
Nas manhãs cinzentas e frias de um fevereiro invernal inusitado
Esta alma que já foi dilacerada por tantas torturas psicológicas
De sonhos desfeitos por agonias metálicas que nem posso dizer
Que ofuscaram minha visão na fumaça do que já acreditara ser
Mas um dia eu deixei de olhar minha vida com tanta compaixão
Decidi emergir das sombras ocultas que me escondiam o mundo
Calei velhos lamentos ditos nos pavilhões escuros da madrugada
Abri os olhos ao brilho das estrelas ao invés das misérias diárias
Reinventei um mundo de alegrias invisíveis além das madrugadas
Que minha imaginação perambulou insone pelas calçadas vazias
Outorgo a meus pensamentos que vagueiem libertos aos ventos
Assim, pude descobrir um anjo sem asas num paraíso impensado
A quem deito estas palavras nos versos famintos destas páginas
Que avançam pela noite sonâmbula, no meu olhar sedento de ti
Lembrar de ti, apaga qualquer resquício de pudor que me reste
Ainda mais se pensar no contorno de teus lábios e beijo o vazio
Para dar fim ao silêncio que um dia já me desgastou lentamente
Acendo o candelabro e canto uma canção, apenas por existires


 

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