quarta-feira, março 25

Na turbulência


Debruço à mesa os pensamentos de como sobreviver nesta turbulência
Criou-se um pêndulo interior ficto que oscila entre a alegria e a aflição
Que faz, a cada minuto, avaliações do outrora e do amanhã nesta terra
Recriarei em mim um espaço que seria um novo tempo, mais magnânimo
Para assim a tudo explicar, como as paredes brancas de espaços felizes
Recordar tempos de criança de outonais dias amenos de maios festivos
Onde prevíamos surpresas felizes, com indisfarçada vontade de cantar
Volto a esperar, suave loucura onde o trigo germina e as amoras adoçam
Que tudo mais sejam histórias de desejo, sejam criaturas felizes no amor
Bem agora, com olhos palpitantes, na música inventada ao som da harpa
Numa imagem vertiginosa, com certo impudor e instinto de ave noturna
Encanto-me com essa mulher, a mulher certa com quem beber e morrer
Em cada mulher há a morte, algumas trágicas e outras doces e gloriosas
Quando seu corpo arde mansamente sobre os lençóis, sorriso e melodia
Sob a luz escarlate, um coração faminto de substância, leve embriaguez
As chamas do amor emanam à tona da face, entre as curvas dos cabelos
Nossas bocas se unem e tenho a certeza que ela é estrela em órbita viva
Amanhã estará de volta o silêncio diurno, mas sua imagem será pungente
Ela será a inspiração, a lua matutina, a espada e a brandura vivas em mim

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