O
poeta se despede do verão, no coração recorda de sua amada
A
tarde vazia traz o barulho das ondas frias quebrando
na areia
No
céu raios relampejam nas nuvens escuras rompendo o silêncio
Esse
rudimentar ruído ecoa nas pedras que carrega dentro de si
E
nesse instante, toda memória de amor aponta àquela
a quem ama
Que
vive como espírito ardente e imortal transcendendo a carne
É
a mais perfeita lembrança que tem da
última vida que viveram
Numa
atmosfera além do bem e do mal, até sobre todas as coisas
Até transformar o amante na própria amada, bem além da fantasia
Na
certeza que a essência dela lhe corre nas
veias quente e rubra
Como
o mar que a baía circunscreve espelhando os pores do sol
É
noite feita luz, da vela o próprio castiçal
e o vento que a sopra
É
o paradoxo de existir e ser, invisível aos
olhos e não ao sorriso
Lembra
o som do rio, que segue seu caminho a açoitar as pedras
Porém
é a ponte, caminho seguro, sobre essas águas tão revoltas
De
quão grandes ócios se faz o poema, de quantos gestos então?
Quantos
vezes se ouviram nãos na busca vivida até o primeiro
sim?
Quanta
dor foi sentida até a descoberta do
bálsamo desses olhos
Tenho
medo, como criança, que tu não gostes
dos meus poemas
Então
deixa aqui tua marca, assinala tua presença na minha vida
Para
aflição de meus algozes, diz que ouves minha voz te chamar
Marca
de forma indelével tua presença e propriedade sobre mim
Revela
esta realidade como é e foi na minha alma há tantas vidas
Levanta
a bruma do imaginário, te aceites minha, pois é o que és
Sejam
estas palavras a reflexão concreta do que temos no peito
Como
é bom saber-te o mais sólido desta vida antes tão efêmera
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