A brisa
acaricia o dorso da tarde de um verão tão peculiar
Persiste o
silêncio profano e o pássaro se mantém pousado
Em memórias
seculares, versos crus, o céu por testemunha
Na vida lá
fora, um vírus assola as esperanças de
viajantes
E assim vai se
redigindo a história destes tempos modernos
Trilho por estradas fendidas embriagadas da água chovida
Vem a mim um turbilhão de imagens, entre misérias
diárias
Notícias que escolho
ignorar, feitas de indigesto negrume
O cotidiano é
como um monstro acorrentado sem piedade
Nossas crenças
sangram sob o cetim noturno, lua após lua
De mãos dadas
buscamos um pouco outras transparências
Que a vida
outorga a uns escolhidos ou as vemos no sonho
E, talvez, possamos
desfraldar algum sorriso de emergência
Para apartar todos os enganos, as ilusões e as frustrações
Quando nosso
olhar se cruza, brotam desvarios tão felizes
Surgindo em
nossas faces, o rubor cristalino dessa certeza
Que o amor, no
seu esplendor e pureza, nos salvará do mal
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