terça-feira, agosto 22

Petricor

Estou acordado, ouço alguém que me fala, mas não está

Na televisão no móvel exibe-se gestos e imagens sem som

Talvez eu recorde disso mais tarde, não quero isso agora

O livro jaz sobre a mesa de cabeceira desde aquela noite

Os cogumelos brotam no campo entre as flores coloridas

Devo anotar isso e não esquecer. Esquecer o quê mesmo

Ah, é um sonho e no sonho sou o pintor pintando versos

Não creio que seja inútil, porém que não tenha utilidade

Os relâmpagos iniciam a chuva e a escrita é tão distante

Lá das ruas vazias, o petricor se espalha em meu quarto

No sonho estou seco e abrigado e a chuva ocupa o olhar

Que recobra essas todas imagens de lá de fora da janela

Janela translúcida, sentimentos opacos e intransferíveis

O cavalo que passa a galope esconder-se da tempestade

Ao longe, beirando a estrada, vejo umas cruzes brancas

Onde a chuva molha o asfalto, mesclando-se às lágrimas

Volto à cama, ao real que permanece gravado na retina

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