segunda-feira, agosto 28

Pouco a pouco

Saíste aos poucos d’minha vida qual árvore que seca

Foste retirando a tua presença, dia a dia, lentamente

Por assim, talvez acreditar eu não pudesse perceber

Mas o vento trouxe a dor de uma despedida pertinaz

Distâncias e silêncios que imprudentemente ressoam

Eu sonhava acordado construir essa vida em comum

Abrigar-te da chuva e da umidade que dói nos ossos

Mas me contagiaste com a umidade de tuas lágrimas

E o guarda-chuva que deixaste, já nem importa mais

Que pena que tu foste, sem saber do tanto que ficou

São tantos os muros em que escrevi a nossa história

Restam tantos, vazios, onde quis escrever teu nome

Para que nessa absurda partida houvesse algo trivial

Não há voltar atrás, não importa se é cedo ou tarde

Não importa se a brisa da manhã ainda sopra fresca

Nem os perfumes que meu olfato ainda teima aspirar

Nada importa. O mar que olhávamos ainda estará lá

Porém, os nossos olhos nunca mais estarão para ver

Mas em mim, pouco a pouco, as feridas vão se curar

E as cicatrizes serão novas linhas para criar o verso

O poema, letra a letra, a tempo também te olvidará

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