quinta-feira, agosto 31

Vida que segue

Chegaste até mim com a brusca leveza da garoa

De gotículas que, oblíquas, flutuam aos ventos

E minha demência dança ao orvalho da planície

Sem almejar nenhum sonho de glória impossível

É nesse delicado castigo sobre relvas verdejosas

Que convido tua cálida nudez cristal para a dança

Olvidarmos as lágrimas de medo, dor e urgência

E numa explosão de cores, bailarmos pelo campo

Qual sorte que se lança, a provocar lembranças

Decifrei na tua boca as equações do verbo beijar

Luzes enfeitiçadas de tremeluzentes pirilampos

A iluminarem as curvas de teu corpo serpentino

Na paisagem coberta por nuvens em movimento

Os teus seios bem talhados me apontam o rumo

Mas se te fores será vez do verão partir contigo

E no frio do inverno me suicidar no pensamento

Apesar de tudo, tomado de imperdoável alegria

Sabendo que vais e voltas, qual a brisa da tarde

Permita-me, na real, vou preferir seguir vivendo

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