terça-feira, agosto 15

Serpente

 A noite agita com lentidão seus espelhos na minha insônia

Observo aquela mulher desnuda entre objetos do quarto

Meu coração noturno se incinera entre frias samambaias

Meu corpo torturado é presa fácil de tão onírica imagem

Essa divindade me sorri com seus cruéis e brancos dentes

Sinto a fragrância de menta e mel que de sua boca emana

Os rubros lábios entreabertos são o estopim de meu fogo

Para num ato de magia atravessarmos todas as fronteiras

Gira-se preguiçosamente a consentir entrever-lhe os seios

Eis a misteriosa serpente, suas doces auréolas a um passo

Rosas imaculadas na brancura da pele e seu tenro ventre

Serpente de olhar catastrófico, dona de minhas miragens

Deusa nua, quadris curvilíneos, arquipélagos de perdição

Que se filtra por entre as fendas abissais as quais admiro

E de vales a colinas ferve-me o sangue de príncipe animal

Que convida este lobo selvagem para lhe habitar o corpo

Criatura amada e exótica, tocas a minh’alma de tão longe

Rompe estas correntes e abre-me passagem a teus braços

Desdobres tuas asas demônio cativo, recebe-me, sou teu

 

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