terça-feira, junho 25

Raízes

O visível ficou pra trás, nas cortinas do tempo passado
Trago na noite escura palavras novas ocultas em versos
Para meu incauto propósito, eu direi não aos pesadelos
Aos ranços indecifráveis, ao eco que a boca pronuncia
Não voltarei a ser o menino que restou das lembranças
Vou dissipar as impróprias nuvens do medo e do temor
Que vêm para nos afligir no umbral solitário do silêncio
A vida é sempre um risco, um túnel de ida sem retorno
Se a vida é risco e a morte é certa, então hei de seguir
Evaporar-me e de vapor, ascender, neblina e ser nuvem
Num átimo me precipitar volta à terra, penetrar a terra
Dar vida à semente do novo dia, ver o sol vencer a noite
A alvorada iluminar tudo o que ainda há p’ra conhecer
Para seguir na busca do azul celeste límpido da poesia
Com que tento eternizar as memórias mais iluminadas
Que resume o hábito fugaz e esquivo de polir palavras
Cantar no meu viés surreal, versos das velhas canções
E assim, lúcido, desenraizar do silêncio no entardecer


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