terça-feira, julho 30

A noite

A noite brota entre o arvoredo com seu sorriso escuro
Contagiando o dia com uma amargura cega e assombro
Sequestrando o brilho solar do alto do céu emudecido
Envolve todos os olhares cansados com seu manto gris
 
A noite desperta os esquecidos pelas mesas dos bares
Aos copos e papéis, ébrios e poetas voltam seus olhos
Pela calçada da noite, caminha o luto dos extraviados
Levando nas costas dores vãs em seu passo de sombras
 
O negrume da noite esconde os prantos e as desilusões
Ecoando o canto dos menestréis no abismo da solidão
Enquanto os cães ladram aos barulhos anônimos da rua
E os gatos negros ganham, altivos, os muros e telhados
 
A noite pare esquinas, suas meretrizes de pouca roupa
Tropeçando nos miseráveis embriagados nas ruas sujas
Fazendo apagar as luzes na janela das casas sonolentas
Onde se ignora o brilho surdo das milhares de estrelas


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