Tu vens
Vens a mim, te aproximas e
antes que te anuncies, te reconheço
Num olhar de atração tão forte
que esqueço toda vida e morte
Qual um cântico milagroso que se faz das frases que pronuncias
Na luz suspensa da pupila te
admiro, teu torso nu, brilho estrela
De tua pele de pêssego flor e tuas curvas, infindável inspiração
Ao verso que, enquanto poeta, hoje e amanhã venho te compor
No deslumbre que, enquanto amante, me magnetizas e me calas
Com o silêncio que me
sugeres, se pões um dedo sobre os lábios
Lábios que acendem meu
fervor, qual o único destino dos meus
Chamado que arde-me tal braseiro rubro entre faíscas de ouro
As flores do campo espalham o
perfume de nossa velha paixão
Nos incita um abraço repentino,
enquanto toca nossa canção
Nesse movimento de tintas desenho
no sonho um novo arcano
Enfim a vesperal penumbra se instala e doce
brisa nos envolve
No campo sereno a noite flutua, adormeças minha
pura ninfa
Brota em mim novo e cristalino alento no azul do
firmamento
Sob reinventada constelação, a espada
flamejante do arcanjo
A nos proteger enquanto
levanto a poeira da abandonada lira
Com breve rumor, mistério de calma profunda
és reflexo de mim
Como sou eu de ti, faz que me indague se
somos uma única alma
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