quarta-feira, julho 3

Silêncio Mortal

Eu morreria de silêncio acaso nenhum poema tivesse escrito
Não o silêncio de palavras impronunciadas em salões sociais
Mas o silêncio infecto e incurável que se alastra pelas veias
De quem vira o rosto quando vê a injustiça ou intolerância
Do preconceito insepulto d’eu fugir ao pensar tradicional
 
Eu morreria de dor se acaso nenhum poema tivesse escrito
Ah, quantas ovelhas já saltaram as cercas da minha insônia
As soníferas ovelhas pastoreadas para me entregar à poesia
Tantas vezes a carne dilacerada nas estacas da indiferença
As amargas e doloridas estacas dos olhares de reprovação
 
Eu teria morrido de tédio se nenhum poema tivesse escrito
Preto ou branco que importa a cor além da cor do caráter
Azul ou rosa a escolha é de cada um, honestidade importa
E não escondo que gosto do ondular de garupas femininas
Egresso do tédio das tardes chuvosas, é vivo e deixo viver
 
Por todas as madrugadas vividas e todos os olhos olhados
Por todas as esquinas e todas as lembranças clandestinas
Por todos discursos verborrágicos, os silêncios eloquentes
Por todos sim que já disse, por todos não que ouvi, talvez
Não fosse o poema escrito, eu já teria morrido de silêncio


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