Silêncio Mortal
Eu
morreria de silêncio acaso nenhum poema tivesse escrito
Não o
silêncio de palavras impronunciadas em salões sociais
Mas o
silêncio infecto e incurável que se alastra pelas veias
De
quem vira o rosto quando vê a injustiça ou intolerância
Do
preconceito insepulto d’eu fugir ao pensar tradicional
Eu
morreria de dor se acaso nenhum poema tivesse escrito
Ah,
quantas ovelhas já saltaram as cercas da minha insônia
As
soníferas ovelhas pastoreadas para me entregar à poesia
Tantas
vezes a carne dilacerada nas estacas da indiferença
As
amargas e doloridas estacas dos olhares de reprovação
Eu
teria morrido de tédio se nenhum poema tivesse escrito
Preto
ou branco que importa a cor além da cor do caráter
Azul
ou rosa a escolha é de cada um, honestidade importa
E não
escondo que gosto do ondular de garupas femininas
Egresso
do tédio das tardes chuvosas, é vivo e deixo viver
Por
todas as madrugadas vividas e todos os olhos olhados
Por
todas as esquinas e todas as lembranças clandestinas
Por
todos discursos verborrágicos, os silêncios eloquentes
Por
todos sim que já disse, por todos não que ouvi, talvez
Não
fosse o poema escrito, eu já teria morrido de silêncio
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