Eu sou o poeta que cultua em si, a um só tempo, os
opostos
Sou residente na impossível fronteira do inverno e do
verão
Peço que afaste teus olhos de fogo de minha alma de
palha
Não, não te afastes de mim e incendeia-me inexoravelmente
Pois quero arder ao
frio destas nuas madrugadas silenciosas
Toca-me, pois, há em
mim todos os instrumentos do mundo
Assinala quaisquer canções,
as cordas estão tensas e
loucas
Que cantarei entre o
desejo e a nostalgia, num ato de amor
Faz parte de minha existência, pois
já corres em minhas veias
Minha flor, que veio
habitar meu peito de forma insuspeita
Sigamos juntos, vençamos a tempestade, antes do
anoitecer
Ainda que tudo gire
sem parar, numa tarde dessas de verão
Estarei contigo para guiar teus
passos e transpor as barreiras
Princesa inolvidável de meus dias, espera que o vento aquiete
Ouve o chamado de nossa juventude
de outono, abre as asas
Vamos voar aonde a esperança
nasce no horizonte a cada dia
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