segunda-feira, janeiro 27

O pardal e o infinito


O papel aguarda da caneta já sem tinta, um mais novo poema
Porém é a moderna tela digital, que vai receber estes versos
O limite é o infinito e é aí que vai terminar a busca do amor
O amor é o ponto mais alto, situa-se no azul acolá do sonho
A memória apagará, mas saberei sempre que ficaste presente
Toda minha ansiedade, todos meus erros, foram a te buscar
Nós somos tal dois veleiros ancorados em um mesmo oceano
Ah, relutamos tanto a nos encontrar, mas o destino é um só
Da terra soam os sinos no campanário remoto tal na infância
Ainda ouço os sinos apesar do campanário não estar mais lá
Descubro que o som não vem da velha torre, mas do coração
Assim tem sido teu chamado, não vem além do meio do peito
O pardal pousa na janela, imaginando poderia ser um canário
Seu piado estridente e desafinado lhe frustra essa intenção
A chama alaranjada da pequena vela é mais convívio que luz
Afugenta a escuridão e ilumina a areia que cai da ampulheta
Sobre a mesa, no verso da moeda um rosto prateado me fita
Giro a ampulheta e mais seis minutos para o fio de areia fina
Da fresta da janela, espio o vaso das orquídeas lá no quintal
Orquídeas não lançam perfume, mas exibem todas suas cores
Sem alarde, tuas virtudes se enfileiram face à minha gratidão
Eu que te amo loucamente, saberei melhor te dar desse amor
Serei o pardal que agora aprendeu cantar afinado qual sabiá

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