terça-feira, janeiro 28

O poeta e a saudade


Será missão do poeta definir o sentido da palavra saudade
Garimpando todos os adjetivos e as metáforas entre sonhos
Sem jamais se entregar, morrendo e renascendo a cada dia
O poeta que na verdade é o tecelão de signos e das fábulas
Moldando os verbos que o destino lhe manifesta de graça
Para lhes dar as cores das dores que se proclamam à noite
Quando a insônia consome nas muitas voltas dos ponteiros
Fora de qualquer juízo a afrontar até mesmo a morte certa
O poeta que por vezes pareça estranho é tão só um de nós
Artesão do rompimento com o conceito do que é impossível
Se faz alado, para vencer os espaços que a razão determina
Para desmentir as certezas do que seja divino ou mundano
Mas a saudade o desafia pelo que há de inverificável em si
O poeta, que tantas vezes transita entre o inferno e o céu
Mas só descobre o verdadeiro sentido da palavra saudade
No dia que a mulher amada se faz distante, e é só o inicio
De abraços tão ausentes, mas sempre presentes no coração

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