terça-feira, agosto 20

Indelével


Ó musa, ouve minha voz e guarda-a entre todas outras vozes
Que um dia já ouviste e vê que ela vibra em ti, e mais, para ti
O voo da minha fala é fruto de uma vida, não de deslumbres
É fruto de uma vívida constelação de dores e de esperanças
De todas noites em que a palavra vem mergulhada em vinhos
Nas quais o verso se reinventa, como fôra um encantamento
O voo da minha fala, ainda, rescende ao sabor de teus beijos
Se enleva com o brilho de teus olhos e de teu rosto angelical
Todas as vezes que o papel se curva à tinta que te descreve
E é assim que faz germinar o poema entre teus cabelos loiros
O voo da minha fala que se lança aos céus só para ver o azul
Para fazer das palavras, sentimentos abstraídos do cotidiano
Nos sonhos onde estás, finco meu marco que não é de posse
Antes de ternura, carinho e certeza de termos nosso caminho
Perdoa-me se um dia por achar que não vinhas estive ansioso
Fazendo tudo mais difícil que deveria ser. Vou me reinventar
Receber-te, infinitamente, em meus braços para te acarinhar
E quando o azul enfim retomar o espaço do céu, adormecer
No meu colo te cuidar, à espera do dia que nunca mais te irás


 


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