quarta-feira, agosto 21

Inquietação


Como por uma fenda no tempo venho olhar aos dias futuros
E confesso não tenho medo de dizer que entendo o que vejo
Vejo uma esperança de flores que o sopro do inverno não viu
Vejo meus passos vingando os caminhos que me separam de ti
Ando por planícies reverdecidas colhendo os frutos dos dias
Faço um brinde à solidão que já se esvanece até desaparecer
Digo adeus às opacidades do silêncio com a voz que não cala
Taças vazias, gestos vãos, perfumes erradios lhes digo jamais
Risadas francas, bocas desenhadas, abraços infindos digo olá
Ainda revivo a noite que estas mãos trêmulas buscam as suas
Quando penso haver dito tudo, vejo que eu disse quase nada
Dessas conversas intermináveis que atravessam a madrugada
Das noites de um só entreabrir de olhos, sonhos evanescentes
E o feiticeiro risca o curso da jornada que culmina no abraço
Sob um céu intransigível de fulgores e de estrelas incansáveis
Faço um pedido à estrela cadente e até teus olhos me sorriem
Por fim, deito-me feliz por acreditar no fim destas tormentas
Esperando que amanhã verei ao acordar teu rosto a me sorrir

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