Paira-me uma sombra insidiosa no peito quando és ausência
Na sala vazia ressoa o retrato de uma noite feliz que se foi
Não consigo negar certa tristeza a desfocar os meus olhos
Pois que vem da minh’alma um clamor
que te anseia comigo
Talvez eu queira demais de ti nesta
paixão que é crescente
Porque a parede dos anos não me roubou
o desejo de amar
Pode ser que
ainda não vivas em ti a mesma porção do sonho
Talvez esteja
difícil crer que conquistei pessoa tão especial
Mas preciso
abandonar estas ideias com cheiro de abandono
Aguardando que meu fogo, logo possa também incendiar-te
Dispo-me destes pensamentos de angústia nesta espera de ti
Para recordar que abalamos a cidade com nosso sentimento
E é preciso
uma busca do vocábulo correto nesta descrição
Então, imagino tuas unhas riscando teu
nome na minha pele
E o que poderia ser dor, era só prazer
de estar dentro de ti
Para admirar secretamente tua geografia de montes e vales
A trocar beijos sem limite e a alma de asa aberta, alçar voo
Deixo-me antever, por fim, deitando a
cabeça em teu peito
E os pecados de nós dois expostos numa
troca interminável
Permito-me sentir a memória de tua pele nesse abraço final
Para reviver tal sensação dos tempos
impensados do poema
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