terça-feira, novembro 14

Cama

 De todas as formas de transportar-me prefiro a cama

Lençóis desfraldados qual velas ao vento dos sonhos

Cama veloz, atravessa noites ao som mágico da harpa

Tocando um réquiem misterioso por um delírio febril

Alcança o céu, desce à terra e toca seu centro ígneo

Ora imaculada, altar de cifras elaboradas e delicadas

Ora o labirinto envolvente de pares no calor da noite

Numa viagem intangível dois corpos, uma astronomia

O travesseiro guarda em sua pluma como um tesouro

Histórias antigas de nós dois, da nossa cama de amor

Embaralhando distraidamente os destinos figurantes

De personagens inconclusos, de estrelas que nomeio

Cama de desejos irreveláveis, batalhas intermináveis

Desfraldo tua bandeira em meu mastro mais elevado

Para ao fim dessa escaramuça só restem vencedores

E nunca calem os gritos, sussurros e gargantas secas

Acordo, ainda cercado de preguiça, o dia já nasceu

Eu, afinal regresso às tuas praias, coroado de glórias

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