quarta-feira, novembro 22

Julie e o Andaime

Lembro-me do dia que te conheci, eras qual o vendaval

Tua presença tocou com a verdade, em minhas pupilas

Vi a tua vida de fora, no limite perigoso de um andaime

Vi tuas escolhas, teu desejo do imediato e sem amanhã

Fazendo do que seria prazer ser somente silêncio e dor

Hoje o corpo desgastado, mais sombra que pele e ossos

Nada hás de ter na terra, se não o guardaste no sonho

Nada mais te será dado, pois te deram tão só uma vida

Um milagre, um brinde, uma única estadia nesse corpo

Cada estadia é gloriosa, é o cântico de todos cânticos

Uma alma, um anjo das asas rotas e trazida pelo olvido

Navegando qual barcos transparentes entre as nuvens

De onde vinha o sol, germinavam suaves flores carmim

Mas caminhastes por caminhos tão breves e perversos

À luz de impensáveis partituras, entoadas em si menor

Tua casa um espaço aberto ao fim, uma noite sem céu

Nunca virei-te o rosto, nunca te ditei quais geometrias

Porem me despedi da história, finda antes de começar

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