sábado, novembro 18

Outono Irrevelado

 As lâmpadas acendem-se em artérias de silêncio e a sombra passa

No segredo do pensamento, tal a pedra indevassável é o sinal que

O outono retornou para dar a crua medida de todas as ausências

A plena negação de tudo que um dia escapou e chamamos de real

 

Escrevo o poema com o ar da tarde que se transformou em vento

Com a chegada da noite e, estrela, se revelará pela imensidão azul

Qual um cheiro de dor antigo e mesclado com os taninos do vinho

Do tempo que o meu coração batia no hemisfério esquerdo do peito

 

Há quem declare o outono em seu gris, até sonegador das palavras

No entanto é voz, a replicar o pensamento, a atravessar distâncias

Nas coisas e memórias que tocou mais leve com sua transparência

E as ressuscita para desaparecer o todo comprometido com o real

 

Devolvendo-as ao sonho que as multiplica na voragem do palpável

Em tempos de dias ácidos, vem oxidar o oxigênio febril da insônia

E o faz este poema emergente, prefaciado de palavras indormidas

Que zunem no zinco das tardes, entre as amoras de meu passado

 

Escrevo poemas, mas aquele coração, ficou à margem da linha do

trem que já partiu, naquele outono que tenho em mim, irrevelado

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