sexta-feira, agosto 29

Do amor

O homem pode querer explicar o amor à luz

dessas geometrias pobres, insciente que não

Se perfaz só de linhas, paralelas ou curvas.

 

Sua existência feita de preces e serpentes,

Não se basta no conhecimento das colunas

arquitetadas em frios e silentes mármores.

 

O amor é arco que curva, também é flecha,

é um fluir de tintas, a insanidade da criação

que se esmerilha em sangue, éter e sonhos.

 

A configuração de uma alma é obra sem fim

é uma escultura regada de mínimos detalhes

espumas petrificadas em cores e singelos nus.

 

O amor é o que une a alma à carne, reescreve

a víbora em escrava plácida, desidrata o silêncio

rompe a distância e o abismo, estagna o tempo.

 

Por vezes, se disfarça em brandas formas nuas

se expande pela incorpórea brisa da tarde, onde

se filtrará, minuciosamente, pelas frestas do dia.

 

Na noite é a mágica que gera a fusão dos corpos,

Sempre à espreita, em movimento lento e brilho,

como quem quer saborear o existir se gravando.

 

Quero um amor acima e além de qualquer limite,

para que tudo mais se extinga e eu me entregue

sem receio, à promessa de que vingue o eterno!

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