sábado, agosto 9

Submerso

Quando minha a cidade era uma ilha submersa em meu coração
Orbe Infeliz, feita de túmulos na beira mar, no fluxo das marés
Tu surgiste como uma luz reemersa, trazendo um odor de rosas
Trouxeste teu seio celeste que me nutre de alegria como nunca vi
Pude ver renascer juvenil minha vida antes enferma e desigual
Ouvi teu chamado com um amoroso eco e vi teus doces segredos
Agora, não posso te imaginar desiludida e com medo dos planos
Que a nova adolescência espelha como o lago reflete o firmamento
Saiba que apenas viajo a momentos além destes tempos de fadiga
E vejo que serão tão reais a alegria, o riso solto e o brilho no olhar
Decidi, pois enterrar os sonhos mortos e fazê-los de novo renascer
Sei quem sou, o que sou e que nada me fará retroceder ou parar
É hora de deixar no passado os dias de ruína e meu peito deserto
De dizer não ao abandono, gélido como a noite ao som de um oboé
É hora de esquecer que algum avaro dia se fez inverno em mim
Pois és qual a primavera que ergue as árvores em flor e perfume
Assim, ao teu lado espero viver sem lembrar da inevitável morte
Que no estrondo do último dia irá me despertar da adolescência
Sem dor, como um sopro de ar, para viver disperso em ti amada
Serei parte de tua carne, uma voz distante que só tu vais ouvir
Para a repetir que estará sempre vivo, como hoje, este meu amor.

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