quarta-feira, agosto 6

Memórias da Infância



Os campos de trigo batidos pela brisa vespertina
Nestes dias tépidos de meia estação outoninvernal
E o silêncio que caminha entre as ondas do trigal.
Trazem a melancolia das palavras impronunciadas

Os rastros das luzes pelas ruas nas noites de chuva
Se serpenteiam difusos dos postes até nossos pés
Salpicados das últimas gotas do esquecimento
São a dor própria dos sonhos inda irrealizados

Na garganta, dos espinhos silentes da loucura
Ao estremecimento do oblívio que tudo ilumina
Brevemente como se vai dos súbitos planos juvenis.
À certeza da morte e do último pedido informulado

Minha cabeça desvairia com todo o pensamento.
Escolho palavras a dizer onde tudo é outra coisa.
As pessoas imaginam seus próprios significados
Para os campos, a noite chuvosa e para os espinhos.

Nas memórias da infância, cores líricas ou brutais
Não há respostas nos espelhos de nossas indagações
No voo que se alça pela estrada rumo ao amanhã
O poeta é o pássaro que vezes canta outras sangra.

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