quinta-feira, agosto 14

Além mar

Por aqui é verão e nas ruas já corre o calor do fogo da estação
Fogo vivo que se manifesta nos corpos e é o criador das sombras
Sombras que se projetam nas tardes por entre praças arborizadas
As pessoas sob elas transitam, reduzindo o passo, antes apressado
A escapar do crestante sol que vai a pino logo abaixo do equador
Os pássaros cantam dando um tom amoroso e bucólico à cena.
Vejo-te, mas não sofres com solstício, não o sentes nem menos o vês
Presente está apenas tua imagem prisioneira em folha de papel
Muito além dos ácidos do tempo, tranqüila, permanente e bela.
Teu corpo está impresso no meu tal qual tua imagem no papel
E, vivo, modifica-se a cada vez que minha alma rompe o espaço.
Não há distância aos que se entregam a uma paixão como esta.
Dois seres que suas essências se transmutam e se unem no éter
Há um encontro em êxtase, fora da ação do tempo, interminável
É um momento de súbito calor da palavra no olhar quase parado
Instantes de mágica, ternura e conforto que meu corpo, por vezes,
Nega-se regressar do encanto e retomar o antigo jeito humano.
A vida segue se esgueirando entre ruas e eu sigo pensando em ti.

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