sábado, agosto 9

Os signos

Os signos de uma noite em dupla sombra
Adensada num voo para dentro
Ocultavam mais que meu ser fugitivo
Nas cavernas obscuras do silêncio.
Afunda-se no abismo minha voz solitária
Na própria voz igual ao pensamento
E me calo no turbilhão de meu drama.
Escuto terríveis sons dentro da noite
Ferindo o coração da madrugada
Como esta dor lancinante que me trespassa a alma.
Mas mesmo no rigor do lamento dessa nostalgia.
Não vou permitir nossas vidas afogadas pela mágoa.
Ainda que se acendam gritos frenéticos
Nas bocas perturbadas pelo rito da angústia,
Não deixarei correr tuas lágrimas em meio a este surto
Febril e mal delineado que o vento fustiga.
O negro seio da noite que me envolve,
Os gritos de suas sombras solitárias
A atravessar a profunda quietude destas horas
Repercutem em eco aos meus ouvidos
Enquanto a cidade se divide no sono.
Meu rosto esta molhado pela dor da saudade
Como se uma invisível chuva contra ele
se estilhaçasse escorrendo em grossos cordões
Meu olhar se perde num horizonte vazio a te buscar
Achando que podes estar diante de mim
Oculta na irremovível dimensão da noite.
As palavras ferinas que nos roubaram o prazer
de nossas bocas unidas em tão real felicidade
ainda crepitam no ar em ásperas rajadas,
Nos arrastando consigo no olho da tormenta e
Tentando nos impor a maldita semente da ausência.
Mas no centro do meu ser só existe tua presença
a me aquecer como o fogo criador de toda a luz
a me guiar como um signo a derrubar disfarces
e a me dar alento como a água fresca das colinas.
Dentro de mim tua presença é real e cresce
A abrir clareiras em meio ao negrume hostil
Para permitir o voo ao esplendor imortal do amanhecer.
Não há mais como ocultar da vida o sonho
Não há mais como negar que o nome amor
é o único que pode ser dado a este sentimento
que já é essência de existir e, quando juntos, será nosso abrigo

contra todo mal, pois nosso destino é ser feliz.

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