sábado, agosto 9

Foi ontem

Foi ontem, a página e as letras que li ainda me fitam
Da tela, agrupadas, conspiradoras me invadem.
Me levam a um voo que não sei como pousar
Sei, entretanto, que quero é voar, mais e mais alto.

Tento dizer que seria melhor que tão carinhosa atenção
Fosse dirigida a outra mais desgarrada alma que a minha
Tão acorrentada e que tão pouco presente pode estar
Não desejo magoar, levianamente, pessoa já muito especial.

Mas o medo de ser aceita tal sugestão, me fende o peito
como o próprio medo de deixar a existência não mais vã.
Medo de só ver as fagulhas à beira mar do interior desta solidão
E ao invés de ondas de prata apenas um turbilhão de crispas incolores.

Nunca me vi diante de batalha com quais inimigos tão impiedosos
onde avançar poderá, talvez, magoar a quem quer se fazer feliz,
mas recuar será ao certo ser ferido de morte pela última perda possível.

Nunca mais olhos brilhantes, faces rubras, apenas a imagem natimorta
de um carinho que chegou tão forte, sem se fazer anunciar
e que, tão lindo, nos suplica o melhor esforço para fazê-lo vingar.

É preciso alcançar o ponto onde estes anônimos segredos
se convertam em ações justas e nos premeie cicatrizando todas feridas
revertendo todas as derrotas, e por graça, fazendo para sempre a lua brilhar.

Um comentário:

  1. tão simples e tão complicado....mas um bom pássaro não pode parar de voar!

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