sábado, agosto 9

Formas



Nasceu o dia e tudo, nele, o que é doçura!
Doce voz, rubros lábios, mão e colo macios
Meu único alento, enlevo, sussurro encantador.
Teu olhar iluminado, teu corpo perfeito,
Não há mais graça em quaisquer flores ou botões
Se vais, a visão de beleza se vai do meu olhar.
Assim é meus braços ida, a forma da beleza
Idas a voz e calor, a alvura e o paraíso...
Tudo se esvanece ao fim de tarde quando saís.

Mas a poesia da vida nunca termina
Mesmo naquelas noites solitárias de inverno
Ou nas tardes incandescentes de verão.
Não será a distância suficiente para esquecer
Esse amor, unido a breves acessos de louca paixão,
Ainda que eu jamais saiba como as luas mudam.
Dizem que os sonhos esvanecem, mas eu quero é asas
Quero prazer para fugir aos meios-dias sonolentos
E jamais dar ouvidos à voz intrometida do bom senso.

Viestes tão oculta tomar conta de minha vida
Levastes furtiva meu coração assim que te conheci
Pusestes fim ao ócio de meus dias indolentes e desertos.
Num silente ardil, entorpecestes meu olhar esquivo
Meu pulso fraquejou, não doía mais a dor da solidão
Desprenderam-se de meus olhos as lágrimas antigas
Para que nunca mais a amargura atinja meu existir.
Não houve, afinal, a tempestade que o vento anunciou
Arrancando dos galhos as folhas que o tempo amadureceu.

Agora se cala o rouxinol e as estrelas chegam devagar.
O murmúrio do mar já vem fazer a resenha do dia
É hora minha musa, de encheres o ar com tua harpa
É quase hora de começar a viver, minha alma reconhece,
Sente no ar tua presença que é meu santuário
Meu cérebro se fazendo de jardineiro planta a 'fantasia'
Dela colhe botões, sinos, estrelas, flores que nunca se repetem
Mas que todas tem teu nome, teu cheiro e tua cor

És minha paz, meu desejo, meu fim de tarde, meu amor.

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