sábado, agosto 9

O silêncio





O silêncio da noite acolhe o pássaro que é luz além da angústia,
lentamente iluminado pela ondulação da música oculta nas trevas.
Abre os olhos à tinta que umedece o grito sufocado pelas curvas
negras da noite em pânico para desfazer o medo e acolher as luzes.

Para percorrer a solidão do abismo à procura da voz que se perdeu
Mergulhada no espanto da noite que fundia o voo da ave ao céu.
Cresta-se o olhar com a geada e o gelo da ausência lhe queima as asas.
A fumaça das chaminés lá embaixo, sobe no começo de cada noite

Avança rumo ao céu em seu caminho, sinuosa, a aquecer corações
O pássaro sabe das ruidosas almas indiferentes ao seu saudoso olhar
As árvores, dali pequeninas, são as mesmas. Os pessegueiros, as pereiras
E os pés de laranja dão o alento aos olhos inundados deste viajor.

Voar sempre requer energia, mas o som distante dos passos da amada
Que se aproxima é o fôlego animador no encontro dos espaços vazios
A energia se reproduz nos atos compondo a forma com o mesmo brilho

Que reproduz tua figura seja na visão real ou no fogo do delírio.

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