quarta-feira, agosto 6

Apego




O apego à forma humana não condensa o espírito
A sombra de um vago desamparo antes persevera.
À cata de si mesmo na ação o ser, ou seu vulto,
mais se afasta de sua verdadeira natureza e impele
à uma visão dividida, separada do cordão da vida.

Olvidado de sua condição divina, o ser se vê na carne
Submerso na negrura do infinito e ata invisíveis nós.
Atrai o imponderável, corre silenciosamente o espaço
do pensamento sempre preso a coordenadas fictícias
mas alheio à sombra interior de seu verdadeiro eu oculto

E o corpo, pois resiste na escalada em busca de respostas...
Nas dobras do silêncio onde os gritos falazes da existência
anseiam o estado de plenitude interna cuja simetria reúne
um quê de unidade, um quê de parte eis que se condense
Pela afirmação da ciência na real exaltação do movimento

Mais que mera substância o ser é uma fusão de alma, fogo
cor e ouro. É enfim uma forma de múltipla condensação
é uma senda em rumo ao horizonte, um arco-íris multicor
O ser não é, apenas está, uma mescla de deus e demônio
Tecida no solitário e belo ramo obscuro do entendimento.

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