sexta-feira, agosto 15

Visões da beleza

Certo dia, quando as trevas emolduravam meus dias

E o desespero açoitava inclemente as minhas noites

Quando os meus olhos choviam em amargas lágrimas

Duras sombras desprendiam-se por todos os cantos

Lá fora de mim a chuva também se derramava negra

Para escorrer acelerada sobre o asfalto que molhava

Dentro de meu carro, eu queria fugir da minha vida

Pelo retrovisor, via rastros deixados como serpentes

Que me seguiam em meio à teia viva que me enredava

Na minha fuga fui me esconder nos alentos do sonho

Foi assim que te descobri, como que não sei explicar

Pois que foi de tintas de sonho, trêmulas de encanto

Que novo quadro passa a se desenhar nos relâmpagos

Vindo acender em meu corpo, um clamor dos cristais

A noite gris antes outonal, faz-se de clara primavera

As sombras agora iluminadas se movem por impulsos

Debaixo do fulgor da madrugada que as ceifam à raiz

As serpentes tornaram-se fitas coloridas de uma festa

Calando a voz acre da madrugada a acordar sua alma

Vejo tua imagem crescer em mim por laços vibrantes

Teus cabelos finos e delicados, dourados como o sol

Parecem como um campo de trigo batido pelo vento

A luz que surge dessas trevas ilumina-a descontraída

Teus olhos profundos ofuscam toda a mágica do céu

Pois, de tão vivos, não têm o rigor geométrico da cor

Alegres brincam de inocência suspensos em teu rosto

Teu rosto claro é a própria beleza convertida em face

Teu corpo em sua altura e balanço passeia pelas aleias

Dos parreirais que crio em sonho, és vinho inebriante

E contigo percebi que todos sonhos se realizam em ti

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