sexta-feira, agosto 15

Sombras e cinzas

O dia hoje de repente se fez cinza e baço.
Cinza de nuvens e de tua ausência infinda.
Cinza como aço de frases que não querem calar
Meu coração está de luto, com uma morte
A da certeza que estarias a meu lado sem condições

Sinto-me como um pássaro que já não pode voar
Mas, as vozes dos pássaros romperão o véu gris,
a indicar que a verdade oculta nos sentimentos
irá desfazer este cipoal de mentiras,
emaranhadas na teia vil dos que não sentem.

A verdade reside em que te vejo, mesmo nas coisas
que tocaste mais de leve, com tua transparência.
Ressuscitaste meu mundo perdido na voragem dos dias,
Tirando minh’alma das sombras que a prendiam
devolvendo-a à sua matéria, a luz e a todo o prazer.

Essas sombras não são um corpo, mas o vazio, o oco.
Nessas sombras está a distância, que me consume e
aumenta mais a cada vez que tento me aproximar
A ansiedade e a falta de carinho, o ombro ausente, a presença
negada e a palavra de amor não dita são sombras sem retorno.

Tu és o lado oposto, és a bela.  És o tremor nas cordas
vocais, tensas, tentando explicar o porquê do sentir.
És na verdade cada risco desta pena que quer
ser o espelho das coisas que, mesmo ditas e repetidas,
não definem um só segundo do que se passa no meu peito.

A certeza de tua existência em meu ser levanta esse véu
de névoa que foi deitado pelo esquecimento e indiferença.
Meu querer, ainda que escondido dos incompreensivos,
voa nas tuas asas a descobrir horizontes de cristal para dar
fim ao caos, com a semente deste amor já pleno como um deus.

Estás agora afastada cruelmente do meu convívio,
pelos que acham que um tênue fio me liga a ti...
Mal sabem que te instalei dentro de mim mesmo
Protegida e intangível como por um escudo invisível
de forma a nada te atingir e que me ouças dizendo sempre
que para nós não haverá fim, mas eternos recomeços.

Abandonemos já esse desespero, pois vejo na trajetória das horas,
que navegamos rumo a nos encontrar num porto de felicidade, onde
as sombras serão apenas remotas pegadas nas areias do passado.
Nosso destino é nos expandirmos além dos limites físicos do real,
para sempre ligados, perfeitos na energia de nossos sentimentos
que brilham como um sol. O que nos liga é muito mais que posso explicar.

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