sexta-feira, setembro 23

Espinhos




O amor nos despe das aparências para reinventar a inocência no mundo
O farol indica o rumo meio a escuridão de meus pensamentos sem rima
Nas sombras de outrora não há assombro ergo meus olhos ao horizonte
À sombra do salgueiro na terra, meu olhar de ave reflete o gume da faca

Eu sou aquele o que concebe os próprios campos de rosas ou espinhos
Afinal tudo é uma cousa ou loisa e que vem por temer o esquecimento
Falo e penso, vezes como se morresse outras como ainda fosse acordar
No meio ao terror informulado que há, lá ao fundo, à margem dos dias

Porquanto, tudo se ilumina e acenamos, pois, adeus aos dias inverniços
Inobstante ainda umedeça os lábios com a língua, já chega a primavera
O tempo não tem mercê e a palavra calada é como espinho na garganta
Aí a desenho no papel com um quê de delicadeza e outro de ferocidade

O poema fala do viver, fala da morte, fala do mar e fala da arte do amar
A terra fica úmida e álgida pelas alamedas reluzentes sob o céu da noite
Enquanto uma estrela perdida entre outras milhões lamenta seu destino
Insciente de seu brilho único: Como o amor me encontrará entre tantas?

Basta de paredes é hora de construir pontes sobre os rios e ir adiante
Há alguns sorrisos presos dentro de mim, há mesmo alegrias recônditas
Não há caminhos curtos ou cursos fáceis tudo é luta e é o que há a fazer
Para escapar da insânia criamos verdades fictícias e mentiras fidedignas

Não serei profeta do tempo nem gestor do destino na exatidão do caos
Somente sigo pé no chão fiel a minhas escolhas esperando a esperança
Transformo a dor em poesia para sobreviver dia a dia a tantos espinhos
Na energia pulsante da palavra cunhei este rosa-poema para te oferecer

Como um pássaro reconheço em ti a única árvore para fazer meu ninho.