O medo é um fantasma que arrasta suas correntes antigas
Por entre os corredores que negligenciamos na nossa vida
Em que renunciamos a partes de nós, partes de
mim e de ti
Que escolhemos manter em segredo o que poderia
nos ferir
Por acreditar que a chuva é capaz de se ocultar das
nuvens
E que, no entanto, a brisa o revela às águas indóceis
do rio
Foi nesse desatino que o medo pulsou para que perdêssemos
Para que tudo fosse ausência e dor no mistério gris da solidão
Nesses desvãos
da alma, serão só perdas, pedras inominadas
No apogeu
dessa angústia, tu vens e declaras
que me queres
Para quebrar aquele frio silêncio tão inútil quanto
um adeus
Este coração se põe então a galopar, corcel livre na
planície
Rompante, sob a luz das estrelas, reluzentes, na nova estação
Chamo por ti debaixo dos astros que, bem sabes, eu lhos
dei
E te ergues a dançar, como só a esperança o poderia realizar
À porta de um novo
dia no qual essa paixão sublime se firma
Que sob o teto
iluminado da aurora se arvora a sair do peito
A fazer que
meus olhos te sigam atentos, breves e anônimos
Para hastear a bandeira desse amor incontido e imponderado
Gritar teu
nome, Helena, minha e única no oceano do existir