domingo, setembro 27

Estes Dias



Hoje, quando o sol raiou, encheu o dia com um quê de poético
Algo se fazia ouvir de lá distante tal um antigo som de realejo
Não se sabia donde vinha, mas era prenuncio de uma chegada
Trazia no ar o cheiro das castanhas assadas de antigos natais
Que mistério se reservaria nos serpentinos caminhos da vida
E tu, felicidade contida, bem sabes da solidão de meu coração
Das recentes chagas abertas e da luta deste poeta em curá-las
Diz que tens percepção de mais uma volta da roda do destino
E trazes ópio e o linimento para as dores de quase anteontem

Ela fôra apenas uma imagem nas voltas labirínticas do sonhar
Mas chegou este dia e ela tornou-se do improvável à realidade
No meio de uma tarde insuspeita, ela surge trazendo sorrisos
Não foi apenas vê-la, foi que as demais pessoas desapareceram
Meu olhar se iluminou, pois sei que quero tê-la na minha vida
Veio redefinir em versos o que era sonho e o que se tornou real
E assim se instituir uma nova primavera de alegrias imotivadas
Dia a dia que eu a possa relembrar da inutilidade das lágrimas
Que as mágoas da vida servem para recordar as manhãs de sol

Mas esse foi apenas um degrau de uma longa escalada a vencer
Como te convencer que sou o melhor para ti e somente eu seria
Teu escravo ou guerreiro, teu amigo ou amante sempre teu amor!
Todo dia é bom dia para morrer, se de ócio, suave, brandamente
E ressucitar à tarde, ao ocaso, na intensidade dos beijos longos
Iludir a morte faz com que se volte mais forte, pronto à batalha
Vens para vencer, quem quiser que fique com o fel e a descrença
Hoje, com o sol se pondo, o dia termina, poeticamente misterioso
Hoje, com o sol se pondo, o dia termina, misteriosamente poético.