Fosse eu rei, há palavras, aquelas desertas, quiçá eu escolheria não as
ouvir
E se fingisse não ouvir, ainda fingiria não escrever neste teatro
tresloucado
Então, nesse meu mundo imaginário, tudo seria arranjado qual me convém
Onde a poesia se faz
de palavras revoltas, letras soltas no
suspiro do vento
Onde o coração bate célere qual as asas do pássaro a baterem rumo ao céu
Seria eu artífice do destino, trasladando a vida meio às flores sem
espinhos
Iria sacudir o brilho das
estrelas só para te abraçar qual a noite abraça o céu
Para nunca mais te perderes e guardares
o caminho através de meus olhos
Para jamais tocarem óperas com o que há de triste e sórdido na humanidade
Deixar-te-ia correr leve na
minha vida, com cautela para não me
machucar
Far-te-ia correr livre pela minha boca,
com atenção para não te
machucar
Esperar-te-ia, nos veios do tempo, com
cuidado para ninguém se machucar
Hoje eu viria celebrar o absoluto,
aquilo que desdobra e toca os contrários
Para ter muito mais que um monte de memórias que só faz verter
lágrimas
Pontes em lugar de muros, sorrisos em vez de
silêncios, vida e não refúgio
Se eu fosse rei, artífice do destino no mundo imaginário qual o
real é agora
Não haveria distância nem lado de lá, o
blues apenas uma cor não uma dor
Hoje meus poemas não dizem palavras doces, são
um bilhete que é só de ida
Ser ou não ser é uma definição frívola,
considerado que o existir é efêmero
E a poesia uma pétala esculpida na poeira dos caminhos incertos dessa vida
E a poesia uma pétala esculpida na poeira dos caminhos incertos dessa vida
Severo, o tempo nem
dos gritos no silêncio, nem dos sussurros se
lembrará