quinta-feira, janeiro 27

O Último Adeus

 

Afinal sou capaz de falar com você assim, de frente

Eu chorei muito sobre teus ossos, minha vida inteira

Assim, novamente, preencho deste ar meus pulmões

Espero que as palavras deste poema não te ofendam

Pois na verdade, o que fostes, está em meu coração

Não será uma palavra mais tardia que irá te diminuir

Meus olhos ainda se enchem de água quando o faço

Outro dia decidi contar tudo aquilo que aconteceu

Quanto partistes, os meus pilares acabaram por ruir

No mundo, não houve mais sombra nesta caminhada

Somente o sol inclemente a causticar minhas feridas

Revoltado, me indignei, chorei e gritei neste deserto

Eu calei, por longo tempo calei, quase me entreguei

O sabre da morte vezes pendeu sobre minha cabeça

O medo me perseguiu, a dor dessa morte antecipada

Mas abri os olhos e vi que não sou um homem morto

Que meu sangue derramado nos espinhos do caminho

Era apenas uma miséria ímpar, em face a outras mais

Que deixei para trás com o lastro de antigas lágrimas

Pois descobri que há um mundo afora destas paredes

E concedi-me a indulgência de viver outras paisagens

Trocando o brilho dos salões, pela nudez da periferia

Estou deixando para trás as armadilhas daqueles dias

Que foram tão lindos, mas que já ficaram no passado

Vestirei novos caminhos, outro ar. Eu quero outro ar

Eu sorrio pelas manhãs, não posso ou quero esconder

Perdoe-me, por dizer que hoje estou de novo amando