quarta-feira, fevereiro 26

Para que saibas


Hoje a noite é da chuva, múltiplos respingos fabricam as reflexões
As recordações vêm incontáveis, tal as gotas que desabam do céu
Mas a primeira imagem que surge, a mais pungente, é tua meu amor
Lembro de quando te vi a primeira vez em teu porte deslumbrante
Teu sorriso branco, gentil e aberto e teus olhos um tanto arredios
Vi teus cabelos dourados esvoaçantes e nem poderia deixar de ver
Nesse mesmo instante soube que eras tu quem o destino reservou
Após tanto tempo nesta vida, sei que iniciou enfim um reencontro
Tão esperado no inconsciente, nos melhores episódios dos sonhos
Soube ainda e de pronto que eras mais que sorriso, cabelos e olhar
Porque olhei dentro de ti e olhando assim que melhor te reconheci
Aprendi que o mais perfeito de ti não está aí para qualquer um ver
Senti a força de teu carinho como jamais tinha recebido nesta vida
E sei que nada disso qualquer outra pessoa poderia fazer além de ti
Por tudo isso, quando o passar do tempo deixar sinais em teu corpo
Continuarei te reconhecendo como no primeiro dia que te descobri
Porque que teu coração será o mesmo e é assim que viverás em mim
Mesmo que o tempo passe – e passará - e mude tua aparência jovial
Serás sempre minha melhor expressão do que pode ser amar alguém


segunda-feira, fevereiro 17

Nada menos



O poema surrealista nasce do antióbvio, do ar vítreo do dia
De nuas frases feitas sem versos no mundo das exclamações
Sem entona
ção especial, por que nada havia além do silêncio
A intenção do verso foge pois, nós somos poucos a perceber
Que afinal, até admirávamos esse lado exótico da linguagem
Sem que o som fosse de fácil percep
ção, impérvio ao tempo

Há vezes, tão vazias, as palavras não tem o sentido da forma
E não se pode comprar sentimentos nas altas horas da noite
Os pensamentos vêm rápidos em sua formulação excêntrica
As pessoas anônimas que transitam pela rua, vão a medir-me
Não hesito em devolver os olhares, mas palavras não profiro
Por conta de meu senso, certo que sentir não aceita dúvida

Na raiz do poema, estão os espelhos que guardam o passado
Prontos a partilhar a saudade e todas angústias da ausência
Que as voltas do relógio não têm o condão de nos distanciar
Eu que a vida toda procurei quem importasse, ora encontrei
Mas, o destino vem e diz que não pode importar tanto assim
Porém, de rigor, não posso amá-la um grão menos do que amo

Olho-a nos olhos e sei que é só minha, mas também vejo medo
De se entregar e eu falhar. Jamais deusa! Esta vida é só por ti.