quarta-feira, junho 26

Liberta-te



Dizem que tudo na vida são escolhas, mas é a vida que escolhe
Escolhe por nós à nossa revelia. Eu não queria escolher o amor
Amar de puro coração, extrapolar todos os limites, os sentidos
Com a força de um vulcão, ter a musa a dar vida a minha vida
Trazer na alma uma felicidade imotivada, sem razão ou porquê
Como um dia de verão ao murmúrio das ondas brancas do mar
Mas houve tua vinda e ambiciono te amar com toda veemência
Porém então porque me afugentas e me relegas à dura saudade
Quando o contrário diz teu olhar sedutor que brilha para mim
Ah o coração, esse distrito selvagem onde arde o fogo do desejo
Liberta-te dos medos, une essa tua boca sensual à minha, sem fim
E cantarei tua magia em voz alta pelas verdes planícies do existir
Esquece todo passado e reúne nossos corpos num abraço infinito
Toma minha mão, caminha ao meu lado pelo tempo que nos reste
Pois te farei saber todas razões além da razão para nunca partires

segunda-feira, junho 24

Oração


Guardei tua voz em mim e ainda a ouço após a travessia da noite
É como embrulhasse meu coração em uma seda macia e luminosa
E assim a mantenho, entre os sonhos no líquido mistério noturno
A aurora chega e sinto tua pele suave pulsando no calor das mãos
Sinto ter chegado o amor cujo nome escrevi no vento em segredo
Aquela quem eu pensava jamais viria nesta vida de imensa solidão

Como poderia imaginar que o destino ainda guardava outra volta
Talvez eu não consiga explicar pois o que escrevo são só palavras
Se tudo isto vai muito além do que a vã gramática poderá retratar
Como esperar que a linguagem pudesse descrever este sentimento
Que é um misto de esperança e medo, fé e dor, sonho e realidade
Paixão que surgiu de surpresa e marcou em instantes minha alma

Acordo angustiado imaginando que não existes, fôra só quimera
Mas sinto teus lábios nos meus, teus cabelos entre os meus dedos
Vem, diga que é verdade e é real esta ternura há tanto esquecida
Me diz que é o fim deste silêncio ácido que há tanto me consome
Ai terás o melhor de mim, a luz a dissipar a sombra e o calor ao frio
E chegue o dia que nenhum de nós se lembre das aflições do passado

Pouco posso te dar neste momento, além daquilo que sou em mim
Da minha alma e da fibra do poema que anseio te soe como oração