segunda-feira, abril 25

Aviso (*)

(* Conselhos de um sexagenário às jovens que ignorem qual sua importância)


Em se falando de amor, há conceitos que antagonizam a razão
Pois quando se fala de amor a palavra conceder deve vir à proa
Nunca percas de vista o que realmente ambicionas ter na vida
Se queres fazer o que imaginas e que façam tal desejas, viva só
Se queres ter um amor, o seja por toda faceta que admiras nele
Os defeitos que puderes ignora-os, não seja tentada a muda-lo
O efeito da mudança é errático, podes perder o que mais amas
Amplie lhe as qualidades, ressaltando-as tanto quanto possível
Conceda que ele, tolamente, imagine que é o senhor mas creia
Com tua astúcia carinhosa, ele te fará o mais recôndito desejo
Consola-o, não permitas que outra lhe traga o qual quer de ti
Sempre há alguém disposto a fazê-lo ainda que lhe seja à revelia
Não confundas amar a si com egoísmo esse sorrateiro farsante
O egoísta só faz por si, ainda que receba menos por tal atitude
Amar a si é buscar ser feliz e querer ao outro a felicidade igual
Não te melindres com pouco, mantém a têmpera e bom humor
A biologia pinta o homem de rudeza, lembre-o como esquecê-la
Veste de clareza o dito e o ouvido antes de tomar uma decisão
Tenhas em mente que diante de ti é o parceiro não contendor
Sejas segura, se não puderes confiar decerto não poderás amar
Não o prendas ou não saberás se está ao teu lado porque quer
Mas não perdoes a traição o coração de quem ama cabe só um
Nunca ignores que é teu o governo dos destinos de tua relação
Não olvides jamais que és de longe a parte sensata de um casal
Por ti mulher se fazem guerras ou paz, se erguem ou caem nações
 

sábado, abril 23

Valeu a Pena?




Eu queria escrever um poema dos fulgores do amor
Mas à ansiedade fria dos corações há outros valores
Assim quedei-me mudo nesse ardor em meus lábios
Vilmente enganado com minha inocência recolhida
Entre promessas vãs escritas no rodapé dos poemas
Juras que não resistiram a desejos com menor brilho
Sucumbidas diante ao egoístico da autovalorização
Dos receios infundados que eu quisera te dominar

A noite cai e o negrume se derrama triste pelas ruas
Sabes quanto tuas noites podem ser vazias e escuras
O que fazer destes versos que um dia escrevi só a ti
Que diziam de nossa história, de sonhos e esperanças
Eram tantas folhas de poemas vicejantes como luz
Era tanto sentimento em palavra, era tanta verdade
A expressão de um amor intenso, vivo, quase juvenil
Mas ora é mais nada, soterrado por teu orgulho vil

Trocastes as estrelas por algo menos de sete mirréis
Eu que ansiava te proteger, herdei de ti o abandono
Eu que parei o tempo para te amar recebi de ti a dor
Meu legado foi a indiferença diante da janela vazia
De nada adianta dizer o que se queria e não se o fez
Vais sempre falar em expectativas, mas não realizar
Te pedi uma palavra e recebi apenas as indagações
Assim puseste fim a um romance que brilhou como sol

Quando o luar iluminar o lugar ora vazio onde estive
Conta cada um dos grãos de tuas posses com avidez
Esses que te poupei, mas que ora não te posso pagar
Conta também todos sorrisos que não mais vais dar
E todos gozos e suspiros que não mais terás e ao final
Sem olvidar de todas lágrimas que ainda vamos verter
Poe na balança de teus 51 anos, vê o que tu nos fizeste
Olha firme no espelho e responde só a ti: valeu a pena?