quarta-feira, outubro 23

Solitário


Na última porta deste dia vazio vivem palavras solitárias
São as missivas sem resposta que esperam neste abismo
Tuas mensagens ao longo dos dias, meu refúgio e abrigo
Este silêncio me dá ares que estas do outro lado do mar
E não posso navegar, não há sequer um vento, nem velas
Há um oceano de lamentos que não aceitam teu silêncio
Mas eu não desisto do sonho, jamais deixei de acreditar
Mesmo que veja esse jardim sem as flores ou borboletas
Nessa vontade cotidiana de te ver ou ao menos te ouvir
Quando a noite chega, insensível, sem violetas na janela
Que vontade de ser um cometa, riscar teu nome no céu
Acompanhar-te nessa órbita pra ter mais de ti, devaneio
Contudo te rogo não vás, anseio olhar nesses teus olhos
Sentir no ar tua doce fragrância, como lilases no campo
Ah, quanta falta me faz te aconchegar nos meus braços
Sei já é primavera, mas tua ausência traz de volta o frio
Longe de ti, é só a quietude que emerge destas paredes
Mas, tua breve passagem tudo iluminou, deixaste tua luz
Fecho os olhos e já parece que te observo presente enfim
Não haverá sombra a afligir onde é tua imagem que reina