sábado, janeiro 15

Sou(l)

Sim, devo ser tudo aquilo que dizem que eu sou

Igualmente, não é meu o que dizem que não sou

A um só tempo sou tudo ou nada que fantasiam

Porém eu não sou covarde e nada pode me calar

Os que perceberem como eu meus versos tortos

Saberão que meu poema abriga uma ternura nua

Mas, não os falsos profetas, que nada percebem

A estes, sou apenas um malabarista das palavras

Farão de tudo para negar as minhas edificações

Poema nem raro, nem vulgar porem os envenena

Obriga-os a pensar no verso, também no reverso

Só não me digam que seus uivos são poesia igual

Nem imaginem que alguma morte nos seja branda

Um poeta original é o que sou, atirado ao poema

Como quem se atira ao abismo, só para renascer

Filho das palavras, nascido nos sismos do trajeto

De origem incerta e sem pertencer a lugar algum

Expulso do paraíso, sou todos, mas sou nenhum!