sábado, agosto 15

Agosto



Os dias seguem sem se dar conta que é inverno
Nas flores plantadas no silêncio do abandono
Por todas as esperas legadas ao esquecimento
Por todos os mistérios dessa brisa avara de luz
Em que acresço as tardes aos pedaços de mim
E o almíscar que se espalha de auroras eternas

Traço estes poemas descalços além dos sonhos
Onde a melancolia refulge em todas ausências
Neste pomar de minhas desilusões infrutíferas
Na alvenaria bruta destes caminhos esquecidos
Se vão horizontes sem céus e sem o alvor ciano
Grito no meio da tarde a palavra que não dorme

Uma face salienta na fresta ardente sem retorno
Na madrugada de chuva fria e veste de lucidez
Resistindo na voz escura e dilacerada da poesia
Na acidez da vida de meus dias sem data e idade
Em meus mortos indecifrados, contrasta o cinza
Uma estrela deserdada é morada de meu coração