Nas ruas
secretas que há dentro de mim, caminha uma sobrevida
Abrigada de dores
antigas feitas nos desvãos de meus equívocos
Ainda ressoam
os estampidos noturnos, tão velozes e traiçoeiros
E o tiro que apontou o caminho que me foi dado a hoje
caminhar
Que assombra
por todos os males que já me perseguiram outrora
Em tempos que passei a viver os silêncios de uma solidão
pública
Mas as areias
fluem e a ampulheta inventa novos rumos nessa via
Assim, espero
sob o vento frio das madrugadas, na falda
dos dias
A chegada do teu
abraço carinhoso, com a esperança nos
lábios
De olhar teu
sorriso de criança quando me seguras pelos cabelos
E me enlouqueces
como nenhum sonho louco possa ter inventado
Tu me és
sobretudo movimento, nova vida que se vive por inteiro
A
transparência do meu amor se revela nas raízes de meus versos
Apesar de
minhas palavras inquietas que
transitam noite adentro
Trarei poemas descalços para não ofuscar o brilho de
teus olhos
Nos quais terei riscado toda a amargura e
melancolia que tivesse
E fazer girar
o moinho de meus pensamentos sobre o novo
tempo
Para navegar dentre
verbos e adjetivos azuis de uma nova
canção
Novos dias,
novas palavras com um quê de lucidez outro de fúria
Quero que
digas, e já te digo, que me pertences,
cristal da aurora
Quero que caminhes
com tuas pernas os caminhos que vem a
mim
E navegues o
mar aberto da paixão, tenho o porto para te abrigar
Tenho o farol
que brilha no horizonte, incandesce apenas
para ti
Quero dividir
contigo esta alma que te oferto,
singela como beijo
Quando tudo
isto passar, ainda quero repartir o caminho contigo
Estar a teu lado, flor do meu poema, quando a claridade do dia vier